Acho que escrevi isso em Março

Vou escrever as palavras engasgadas que me entalam, nascidas das emoções que você me provoca.

Deveria despejar-te muitas delas. Talvez todas. Mas me calo na sua presença, por medo e por uma enorme necessidade de não te causar desgosto. Quero ser para você tranquilidade, não confronto. Conforto. 

Para garantir a sua paz, dilacero a minha em toscas e rústicas partes desprezadas.

As palavras e as sensações comidas são indigestas. Desconfortam o estômago e atrapalham-me o sono. Mas, ainda assim, seguirei guardando-as. Não te cabe incomodar com os sentimentos que me invadem, ainda que eles nasçam das orações que pronuncia.

Não te cabe, pelo meu bem-estar, medir os gestos.
Não é justo afogar-te em minhas lástimas: minha solidão é coisa minha. Meu sentir é todo meu. Assim como o é o meu desejo de ser desejada. De ser gente. De ser suficiente.

Não te quero coagido a direcionar o olhar ao meu rosto para me fazer sentir humana.
Engulo palavras portanto, porque não me interessam seus atos pensados, calculados, refletidos. Quero teus gestos inocentes e desatentos. Quero você em verdade somente. E se não puder ter seu desejo nascido por meio da espontaneidade, então não quero nada. Esse nada que ocupa os meus pensamentos e escreve as palavras que engulo rápido, antes que me escapem e te aborreçam.


Comentários

  1. https://www.youtube.com/watch?v=ZRNcuW91sIU

    Essa canção combina com você!

    As vezes me canso de ser anônimo, o bom do anonimato é a impossibilidade de rejeição já que não existe redenção para mim

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