Mundo novo

Vai parecer coisa de romancista barato. Ou coisa de gente muito dramática e visceral, mas não é não. As palavras que eu despejo neste blog são sempre verdadeiras e carregam pouco ou nenhum exagero. Não sou grande usuária de hipérboles. Eu juro.

Vai parecer mentira, mas é verdade, confia! Vai parecer mentira, mas é verdade: só agora, no alto dos meus 31 anos, é que eu me apaixonei pela primeira vez.

É...

Eu imagino que você, que está lendo, tenha acabado de soltar uma gargalhada debochada e desdenhou das frases anteriores, em que afirmei não mentir nem exagerar. Eu também teria feito isso. Mas o que eu venho contar é verdade! É muito verdade! Eu estou vivendo o ineditismo da experiência do amor romântico do qual, aliás, duvidei da existência até outro dia.

E que meus ex-namorados não leiam isso ou, se lerem, entendam que lhes entreguei os afetos que tinha e que conhecia nos tempos de seus tempos. Mas foi só agora, no alto dos meus 31 anos, que a vida me mostrou na prática o que eu só conhecia nos filmes, na literatura ou nas palavras ditas por outras pessoas. E que eu apostava ser mentira ou exagero.

Só agora eu descobri e vivi. Amar é uma experiência densa, complexa e profunda. Que deixa marcas com as quais eu ainda não sei lidar porque me faltam as ferramentas do costume. É tudo novidade. Eu estou lidando com sentimentos novos. Novos mesmo!

Parece tardio - eu sei - e eu também estranho esse reconhecimento. Parece tardio descobrir sensação tão comum na vida humana só depois de tantos amores vividos. Parece tardio - e é - descobrir que antes eu jamais havia amado. Mas é isso.

E foi agora, só agora, que eu aprendi que amar não é escolha. E eu jurava que era. Eu acreditei de verdade que eu poderia pular do barco que afunda no instante que eu achasse que ficou perigoso. E, apesar de aprender que não dá pra pular desse barco quando se quer, eu também aprendi que não é perigoso esse negócio de amor.

E aí...
Aí aconteceu de eu caber direitinho em textos e personagens que inventei em tempos passados. Em vivências que não eram minhas, mas que agora sinto que as roubei para mim. Agora todas as ficções que fantasiei são verdade. Agora tudo é literal.

É a primeira vez que vivo essa tristeza que sequer consegue se explicar. É tristeza de vazio. De falta. De perda. De saudade de quem existe mas que não pode ser visto ou tocado. Saudade de quem escolheu ser passado, mas que habita o presente do afeto.

Mas é uma dor sem raiva, sem mágoa. Sem culpa. Sem narcisismo. Livre de vaidade e de medo da sujeição. É só dor. Dor que me faz morada e companhia. É uma experiência de encerramento que não elegeu vencedores e que não traz medo da desigualdade de poder - até porque, nos jogos de poder desse laço afetivo eu abri mão do controle. Eu só amei. E fui. E fiquei. E acabei achando tudo muito bonito.

E é tão novo, mas tão novo e tão estranho, que eu não consigo pôr em palavras essa sensação de que algo enorme me foi roubado e, mesmo assim, eu não perdi nada. Como explicar que eu sinto, o dia inteiro, que algo me falta e que tem um buraco dentro de mim, mas que, ainda assim, o coração está pleno? Como traduzir o tanto que senti ganhar?

O tanto que tudo é melhor?

Eu não sabia que esse amor romântico - das novelas e dos contos - era tão bonito. Não sabia que era grande. Não conhecia nem o tamanho que ele poderia ter. Nem o quanto ele muda o sentido das coisas ao nosso redor. Eu não sabia nada! Eu nunca havia amado antes. E eu estou aprendendo o que fazer com o amor que carrego nas mãos, nas costas e no peito. E que é enorme, mas que não pesa. Ele é infinito e é leve. Tudo ao mesmo tempo. E eu sou muito grata pela oportunidade de amar e torço para que ela não tenha sido a única.


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