Fade out

Não é sempre que dói. Agora dói às vezes. Só às vezes.

Tem dias em que eu fico quase bem. Quase não lembro de você. Quase sorrio. Quase estou em paz.

Mas tem os outros dias... os que eu chamo de recaída. Os dias em que a vida não tem sentido. Os dias em que eu vivo de memórias e saudades. E que eu fico remoendo coisas que eu deveria esquecer.

Algumas vezes a memória é uma dor forte. Outras, é silêncio. Um silêncio tenso e um pouco triste.
Às vezes a memória é doçura e um sorriso tímido.

Tem os dias em que eu só queria ser vista por você. Queria pensar que você lembra de mim. Que eventualmente se pergunta por onde ando. Que acompanha meus passos.
E tem os dias em que eu torço para passar invisível e não ser notada em toda a minha estupidez. Os dias em que eu torço para não correr o risco de ser vista ou de esbarrar com você, seja fisica ou virtualmente.

E as frequências desses sentires diferentes vão se alternando. Uma sensação vai, lentamente, roubando o protagonismo da outra. E assim, eu assisto da plateia o processo do seu desaparecer de dentro de mim. Bem devagar. Cada dia um pouquinho menos dentro. Menos vívido. Sendo cada dia menos intenso, menos sentido, menos lembrado, menos doído.

Até o dia em que você irá sumir de vez. E eu sei que vai.

Sumirá a falta que eu sinto e eu quase acho uma pena. E eu deveria esperar ansiosamente por esse dia, mas apeguei-me ao apego. À saudade. Ao afeto.

A falta é só o que me restou de ti e quando ela for, não terei mais você por aqui.


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