Dezembro de 2020

Eu pensei que depois que a gente crescesse, quando nos tornássemos gente grande - como os adultos para quem olhávamos de baixo para cima durante a infância - a gente não sentisse mais tristeza.

Sempre acreditei que as emoções fossem ficando mais contidas e equilibradas. Talvez em função do equilíbrio das atividades hormonais. Também me esforcei para que isso acontecesse. Se não fosse pela força do tempo e do envelhecimento que eu me tornaria tranquila e apática, seria pela força bruta. Pelo exercício regular de supressão dos sentires.

Eu fui árdua nesse processo de aprender a suprimir paixões, tristezas e frustrações. Crescendo cada dia um pouquinho e matando cada dia um pouquinho as emoções também. Envelhecendo. Passo a passo. Até crescer.

Aí eu cresci. Eu sou gente grande agora. E, a despeito de todo o amadurecimento, envelhecimento e esforço, fui golpeada e não pude evitar. No dia de hoje estou a mulher mais triste do mundo e não sei o que fazer com toda essa tristeza que está me fazendo de morada.

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