Tá tudo bem

É engraçado você na minha vida. Maior que seja meu esforço, não consigo saber com precisão quando, como ou por que você foi implantando aqui no meu mundo. E principalmente, não dá para entender o que fez você ficar e se tornar tão fundamental.

Finjo não ouvir quando você deixa escapar será cada vez mais raro. Prefiro crer que estamos em pausa. É silêncio temporário que já já acaba para você voltar a ser replay, como um pedaço de adolescência que, depois de muito esquecido, é achado ao acaso e se torna vício por trazer de volta bobagens que a gente nem sabe por que são boas.

Algo delicioso e inocente permanece intacto apesar do tempo e das transformações que ele traz. Não dá para pensar em você e não sorrir - e se você visse meu rosto agora entenderia o que eu quero dizer. Tem sempre uma coisa de abobada, leve e saudosa na minha expressão quando surge algo que te diz respeito.

Mas eu preciso confessar que sempre que você vem (seja através da sua rara presença, seja através da memória que de tão frequente já é quase material) meus olhos enchem d'água, os lábios tremem e o rosto fica todo vermelho. Um mundo enorme de ânsias não realizadas que seguro com a força de uma represa em prol da compostura e da boa imagem social.

Transformo o choro em piada sem graça e assunto repetido, mas isso não me livra de algum prejuízo psicológico e emocional. A vontade é ignorar as convenções - morais ou sociais - e ficar repetindo que te amo mais do que amo os produtos Agroquima enquanto vejo você rir da minha cara e repetir essa frase também.

Eu sei que você sabe que faz muita falta, mas não importa, eu não quero parar de repetir isso. O que você não sabe é que o tamanho da minha saudade não é maior do que a minha satisfação pela sua calma. Tá tudo bem aqui, distante, desde que eu saiba que você está bem. E sim, estou ciente de que o custo de deixar essa mensagem codificada pra você é me autodenominar vaca!


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