Reviravoltas internas

Se eu pudesse, comeria sua voz.
Engoliria inteira, sem morder nem mastigar.
E empurraria a massa compacta de deleite sonoro com as mãos da garganta até o útero para que dali seus sussurros irradiassem por todo o meu corpo, fazendo-o iluminar.

Mas não posso.
Da sua voz posso receber apenas gotas esporádicas em meus ouvidos e me saciar de vontades mal resolvidas.

Me dou por satisfeita, por enquanto.


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