Um do um

Outra vez sol quente e despreocupado deixando preguiçoso o primeiro dia do ano. Não há qualquer diferença no clima ou no ambiente do ocorrido 365 dias e seis horas atrás, mas mesmo assim, os viventes deste planeta trazem consigo a esperança da renovação e do recomeço, como se a vida fosse mesmo fatiada em inícios e fins recorrentes.
Das vivências mais interessantes que posso gozar, coloco no topo da lista essa sensação de calmaria que me bate a cada dia um do um: um limbo existencial que precede o ânimo do amanhã, o dia a vida recomeça. É como aprontar todas as porções da mente e do corpo já fora de ordem. Ponho cada sentimento na prateleira certa e cada órgão pronto para seu pleno funcionamento. Reorganizo as expectativas e a calma.
Esse é o único momento do ano em que me encontro verdadeiramente em paz, deitada de costas para o solo olhando, para o céu e deixando-o me abraçar. O tão esperado, abafado, dia primeiro.
De preguiça e sossego.
Onde minha mente guarda silêncio e esperança para tudo começar bem.
Mais uma vez.
Todo ano.


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