Cinco, seis, sete, oito


    Foto: NYC Project


Embora ninguém pudesse notar, estava quase prendendo a respiração. Com a ideia de não tornar aparente que, na verdade, eu estava verdadeiramente ofegante e esgotada.
Era tanto suor, pela testa, pelo colo, pelos braços. Sentia o pulsar nas bochechas e o peito ressonar. Mas o olhar... este se mantinha distante e deslumbrado. Perdido no meio da alma, quase que olhando o próprio reflexo apaixonado, como se não estivesse se empenhando o máximo que podia para manter vivo.
Os glúteos contraídos. As pernas firmes, duras como calcário. Os braços leves demais. Não pertenciam àquele corpo.
A mente viajava, às vezes. Às vezes regressava à realidade. Às vezes se embalava tão naturalmente à música da vida que não parecia a mesma que se concentrava nos milésimos de segundos que podiam ser contados.
Um último suspiro invisível e senti uma gota de suor escorrer através da nuca. Agora se tratava de flexionar e tencionar as pernas como nunca. Mais rígidas que antes. E o olhar centrado, vívido, apaixonado, estável.
Girar a cabeça depressa. E contar com o impulso dele e suas mãos firmes para me sustentar. E fim.


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