Relatos de uma madrugada

Silêncio.

E estalar dos dedos, e correr do vento. Contando as horas com ansiedade.

Junto com as pernas balançando rápidas penduradas na cadeira, um medo cheio de vontade de ser vida. Que cresce pesado sob meus ombros e causam um desconforto ensurdecedor de desejo de sair do lugar.

Aí, percorro minhas mãos pelo meu colo e pescoço. Quero esganar-me. Fecho e abro os olhos, mordo os lábios. Mas não adianta, o relógio não corre na velocidade que deveria.

Silêncio.

Mudo e denso e pesado.

E a cada lento e árduo segundo, ainda mais pesado. Mais peso nas costas e dor nas juntas. Essa respiração difícil está atrapalhando meus pensamentos.

Quer me escapar pelos poros, ouvidos e boca essa sensação que não sabe se é angústia ou espera à qualquer custo. Asfixia-me e não sai, só se fortalece, enquanto eu fico aqui esperando o dia voltar a seguir...

Silêncio.

Nada pior que este silêncio.

E nenhum movimento ao meu redor. Debato-me e lanço-me ao chão, débil, estuporada. Mas quando me olho estou ainda na mesma cadeira, olhando para o mesmo monitor, à espera...

Rasgo as roupas sufocantes. Acender e apagar a luz. Grito!

Meus passos, minha respiração, moedas caindo ao chão, piscar dos olhos, noite. E eu só consigo ouvir este silêncio.

Este maldito e ensurdecedor silêncio.


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